sexta-feira, 20 de abril de 2012


 

O CANIBAL DE GARANHUNS

            Qualquer semelhança é mera coincidência... Esse canibal não tem nada a ver com o carniceiro que anda aparecendo nos telejornais ultimamente... Preparem-se para uma história de arrepiar até os mais incrédulos em histórias de horror...
            Há muito tempo atrás nasceu uma criança nos cafundós de Garanhuns. Dizem os mais velhos que aquele menino não parecia normal, assim que nasceu deu uma gargalhada para a parteira que daquele dia em diante nunca mais fez parto em ninguém. A mãe da criança morrera no parto e o bebê foi criado por um padre bondoso que rezava missa todos os domingos pela manhã.
            O menino cresceu no meio religioso, mas as artes e peraltices não condiziam muito com o tipo de criação que estava recebendo. Certa noite de muita chuva e relâmpago alguém viu o padre sair arrastando aquele menino pela orelha, caminhando pela rua de terra e sumindo na floresta densa.
            No dia seguinte ninguém viu o menino e o padre não falava mais nele. Alguns meses depois o padre também sumiu, sem deixar pistas. A população daquela antiga vila procurava desesperadamente pelo padre. Alguém teve a brilhante ideia de procurá-lo no frio bosque. Qual não foi a surpresa, acharam o padre pendurado de cabeça para baixo, faltavam-lhe partes do corpo. A comoção foi geral e o terror se espalhou por aquela vila.
            Muitas rezas foram dedicadas ao padre e o enterro foi seguido por todos os moradores. A partir desta data pessoas começaram a sumir, mas o pior é que depois apareciam seus pedaços arrastados por cachorros famintos.           
            Certa noite muito quente, a vizinhança tomava a fresca pelos bancos da pequena praça quando de repente veem saindo da mata aquele ser horripilante, reconheceram imediatamente o menino que um dia fora criado pelo padre, mas agora com outro aspecto, totalmente demoníaco com a boca escancarada, seus olhos esbugalhados denunciavam  loucura ou  pacto com o demo. Num salto seguido por um urro, aquele ser bestial pulou em cima do primeiro inocente à sua frente e numa só bocada arrancou o rosto do infeliz devorando-o com voracidade.
            Dizem que hoje aquela vila não passa de um lugar abandonado e que em noites muito quentes pode-se observar um ser bestial tentando farejar sua próxima presa humana. Uma senhora muito antiga diz que é castigo, pois a mãe do menino havia se apaixonado por um homem casado e não conseguindo seu intento de ficar com ele fez um pacto com o diabo, se ela conseguisse ter um caso com o desgraçado e acabar com seu casamento, lhe entregaria seu primeiro filho, e assim o fez.

domingo, 15 de abril de 2012





A ESTRADA DO TERROR

            O carro seguia pela estrada totalmente deserta. Nenhum outro carro à sua frente, tampouco atrás de si.
            Simão e seu irmão Simon conversavam sem se importar com o breu que pintava o cenário lá de fora.
            No rádio tocava uma música preferida dos dois: “ ‘There'll be peace when you are done Lay your weary head to rest Don't you cry no more’ … Kansas: Carry On Wayward Son”.
            A mata dos dois lados da Estrada era densa. O farol alto era a única luz que iluminava o caminho dos dois. Nem a lua dava o ar da graça, Nuvens espessas ocultavam a beleza do firmamento, mas os irmãos não estavam preocupados com a escuridão da estrada ou a beleza do firmamento, apenas queriam chegar em casa e descansar da longa viagem.
            De repente, sem a menor cerimônia ou aviso o carro se apagou completamente e parou no meio da estrada.
            “_Droga!­” – Reclamou Simon que estava no banco do passageiro.
            “_Que azar!” – Completou Simão já descendo do carro para inutilmente dar uma olhada no motor do veículo.
            Capô aberto, mas nada de detecção do problema.
            “_E agora?” – Disse Simon desolado.
            Empurraram o carro para o acostamento e decidiram esperar que alguma alma viva passasse por aquele lugar, os celulares nem adiantava tentar, completamente sem sinal.
            Um farfalhar de folhas chamou a atenção dos dois. Olharam ao mesmo tempo e viram uma criança atrás de um arbusto a espreitá-los. De repente risos ecoaram por aquele vale e várias outras crianças apareceram, corriam de um arbusto a outro como se estivessem se escondendo. Uma das crianças fez sinal para os dois como se os chamassem, o sorriso daquelas crianças não era nada agradável, a boca parecia ser bem maior que o natural e os dentes pareciam muito afiados.
            “_Ai meu Deus, o que é isso Simão?” – Gritou Simon desesperado.
            Os dois tentam entrar no carro, mas suas pernas estavam paralisadas pelo medo.
            Ao longe surge uma luz de farol... Uma luz de esperança...
            Um carro para ao lado do carro dos dois irmãos e desce um casal com uma criança.
            A criança corre para junto dos rapazes e segura em suas mãos dizendo: “_Não se preocupem, meus pais vão ajudar vocês!” Os pais porém ignoram os dois e correm próximo à ribanceira: “_Querida, não olhe, ligue para a polícia.” _ Disse o homem.
            Simão e Simon se aproximam do casal para agradecer pela ajuda quando vislumbram o inacreditável. Seu carro está lá embaixo, irreconhecível. A fumaça denuncia que ali houve um incêndio. O pior é que seus corpos estão dilacerados e quase irreconhecíveis.
            A mulher chora ao celular: “_Alô, polícia... Houve um grave acidente, duas pessoas estão mortas! Por favor nos ajudem!”
           

quarta-feira, 11 de abril de 2012





666

            A noite era tenebrosa. Relâmpagos riscavam o céu e os trovões estrondavam como feras famintas.
            A mata ajoelhava-se perante o vendaval que atirava a água da chuva contra a vidraça de seu quarto. O sibilo do vento parecia assoviar o seu nome: “FFFFFlávvvvvvviooooooo”. O suor escorria pelo rosto e pelas costas.
            A bíblia aberta caída ao pé de sua cama parecia uma enorme boca escancarada que o queria engolir... “666 é o número da Besta”... A frase martelava em sua mente ao ritmo da forte chuva.
            Flávio estava sozinho já há alguns dias naquela enorme casa de campo que herdaria de seus pais. Uma casa muito antiga ao pé de uma generosa montanha. A bíblia tinha sido sua única companheira. Fazia leitura diária... Salmos, crônicas, cânticos, apocalipse...
"E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição; E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra." (Apocalipse 17:3-5) “Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis (666)”. (Apocalipse 13:18)
                Flávio conhecera Viviane há seis meses e essa mulher causou em sua vida a maior de todas as ruínas. Viviane era interesseira e todos perceberam isso desde o início, menos Flávio que ficara totalmente cego por ela. Aos poucos a mulher o convencera que era melhor eles se livrarem dos pais de Flávio, assim os dois não teriam mais de aturar a todo instante as falações do tipo: “Essa mulher não presta... Essa mulher vai causar a sua desgraça...”
            O plano fora arquitetado e colocado em prática. Em seis de junho os pais foram assassinados a pauladas. O sangue ficara espargido pelas paredes brancas. A polícia não conseguiu desvendar o caso. No enterro dos pais Flávio chorava inconsolável ao lado da namorada toda de preto.
            O baque foi assustador quando Flávio entrou no quarto para reconhecimento dos corpos, na parede suja de sangue podia-se ver nitidamente o número que se formara por entre o escarlate sanguíneo: 666. O grito do rapaz foi ensurdecedor e o desmaio não era fingimento.
            Depois do enterro Viviane sumira. Flávio, desesperado a procurou sem sucesso. Algum tempo depois partira para a casa das montanhas para tentar procurar refrigério para sua alma, pois o peso na consciência era avassalador.
            Naquela noite chuvosa tomara da bíblia e ao ler aquela passagem tudo ficou claro em sua mente. Ele e Viviane tinham sido as bestas feras de seus pais, os dois juntos traziam em seus nomes o número da Besta “666” “Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis (666)”. (Apocalipse 13:18) : VIVIane ( VI=6+VI=6)+FláVIo (VI=6), ou seja, VIVIVI=666.
            Flávio não parava com a matemática mental, matara seus pais em 6/6 e conhecera Viviane exatamente seis meses antes...(666) A cabeça lhe doía, o sangue fervia em suas veias.
            Os trovões continuavam lá fora e Flávio agora estava em cima de sua cama, tomava a posição fetal para tentar adquirir algum conforto.
            De repente ele ouve o ranger da porta e passos que subiam as escadas... Sentou-se amedrontado na cama e qual não foi a sua surpresa ele vislumbra Viviane entrando lentamente em seu quarto com um sorriso demoníaco. Vestia-se de escarlate e trazia em sua mão uma taça com um líquido vermelho.
            _Se afasta de mim Demônio! – Gritou ele desesperado quando viu que a mulher tinha chifres e rabo.
            A gargalhada que ele ouviu foi de puro prazer demoníaco. A mulher sorveu aquele líquido da taça deixando escorrer um pouco pelo canto da enorme boca: “Um brinde com o sangue de seus pais!” A voz era gutural e horripilante.
            _Você me enganou seu Demônio! – Chorou Flávio.
            _Não meu camarada, você se enganou... Agora já é tarde pra você se arrepender. Vim te buscar para a sua eterna morada.
            Seis dias depois o corpo de Flávio fora encontrado na casa das montanhas, completamente desfigurado. A polícia tenta atribuir a morte de Flávio aos mesmos criminosos que executaram seus pais. Nisso eles têm razão.
            Dizem os novos moradores da casa das montanhas que, em noites de muita chuva, pode-se ouvir gemidos de muita dor que parecem vir das profundezas do inferno! Parece que a casa será colocada mais uma vez à venda. Fica à Rua das Lágrimas nº 666.

quinta-feira, 1 de março de 2012



NÃO BRINQUE COM OS MORTOS
            Aqueles olhos extremamente azuis chamaram a atenção de Bianca naquela noite. O baile ia animado e ela não conseguia desviar o olhar daquele belo rapaz que ali se divertia quase do seu lado. Ela precisava ficar com ele, era o rapaz mais lindo que ela já tinha visto em toda a sua vida. Deu um jeito de esbarrar nele e de acordo com seu plano conseguiu chamar-lhe a atenção, pois ela também era uma garota muito bonita.
            Depois de Bianca jogar muito charme o rapaz se apresentou:
            _Oi, meu nome é Rafael, e o seu?
            Essa foi a deixa para que os dois pudessem ficar juntos o resto do baile. Bianca havia se esquecido até que tinha saído junto com seus três amigos: Pedro, Mariana e Vanderlei. Voltaram a se encontrar no final do baile para irem embora juntos.
            Na volta para casa passaram em frente ao cemitério exatamente às três horas da madrugada. Vanderlei de repente pára e, na maior zoeira, desafia os outros a entrarem ali.
            _Duvido a gente entrar aí e chamar os mortos pra vir conversar com a gente.
            De início todos olharam para ele assustados, mas depois começaram a rir e toparam. Pularam o enorme portão de ferro e, meio ressabiados, começaram a vagar por entre os túmulos. As fotos sombrias e os epitáfios nas lápides chamavam a atenção do grupo.
            _Olha essa foto, coitada, morreu com dezesseis anos... A mesma idade da maioria de nós.
            _Morreu, morreu. Antes ela do que eu! – Falou rindo Mariana.
            Todos começaram a rir... O impressionante é que mesmo depois que a “graça” passou e que todos pararam de rir, uma gargalhada gutural começou a ecoar por entre os túmulos. Agora aquele bando de adolescente não estava achando mais graça nenhuma.
            _Quem tá aí?Isso não tem graça! – Disse Vanderlei, o mais velho do grupo. – Vamos sair daqui pessoal.
            No instante seguinte estavam todos correndo. Correram feito loucos em direção ao portão, mas o portão parece que havia sumido. As meninas choravam freneticamente. Aquela risada infernal ecoava por todo o cemitério.
            _Eu quero sair daquiiiiiii! – Gritava Bianca segurando fortemente as mãos de Rafael– E a risada ficava cada vez mais estridente.
            Desesperados, mas cansados, todos se abraçaram e se encolheram a um canto.
            Rafael, o colega que eles conheceram naquela noite no baile, de repente se levanta e diz:
            _ Pessoal, não vamos nos deixar abater. Vamos sair daqui. – Com essas palavras ele deu coragem aos outros que se levantaram e começaram a segui-lo em busca do portão de saída. Caminharam muito por entre os túmulos mal iluminados pela luz da lua. Ao longe avistaram o portão e correram em sua direção. Porém quanto mais corriam mais o portão se distanciava.
            Quando já estavam sem fôlego para continuar, Bianca encostou-se num dos túmulos e de repente todos os pêlos de seu corpo se eriçaram. A foto na lápide mostrava um lindo garoto com os olhos extremamente azuis, era de Rafael. Não teve forças para gritar, apenas chamou a atenção dos outros para aquela terrível descoberta. Todos olharam para Rafael. O rapaz sorriu e apontou seu epitáfio onde todos leram : “Já fui o que tu és, serás o que sou hoje”.
            Dizem que os quatro amigos daquela noite nunca mais foram os mesmos.
           
           
            

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012




O EXORCISTA

            Aquela casa era muito antiga. O grande portão de madeira ia carcomido pelo tempo. Lascas de tinta marrom que caiam deixavam entrever que um dia aquele portão fora pintado de um vermelho sangue. O muro muito alto não deixava visão da casa. Dentro a casa não era confortável, apesar de espaçosa. Tinha as paredes muito úmidas e o teto embolorado. Os vizinhos evitavam até de olhar para ela, todos sabiam que ali vivera e morrera uma senhorinha que realizava abortos no calar das madrugadas. Muitos fetos foram enterrados no fundo do quintal e um novo cômodo se erguera ali.
            Surpresa porém foi ver ali chegando uma mudança, depois de anos de abandono da casa. A família que ali chegava parecia muito normal, um casal com seus três filhos.
            As portas foram abertas e a limpeza era geral. Os olhares dos vizinhos espreitavam cheios de horror o ritual de mudança. Alguns dias depois tudo estava no lugar.
            A alegria do casal parecia estampada no rosto, deleitaram-se por pagar tão baixo preço numa casa tão grande e bem localizada. A alegria, porém não durou muito. Logo souberam dos rumores das desgraças que a casa trazia. O casal tentou convencer os filhos de que aquilo tudo era boato e que logo, logo eles veriam o quão felizes seriam.
            Acontece porém que não durou muito e coisas estranhas começaram a acontecer... No início coisas mais brandas. Um dia a filha mais velha estava sentada costurando uma roupa quando sentiu um sopro muito gelado em seu pescoço, pensou que se tratava de uma brincadeira do irmão caçula, mas de repente percebeu que estava sozinha em casa. Chamou pela mãe e não obteve resposta. Levantou-se um tanto ressabiada e lentamente foi saindo daquele quarto, sentiu o sopro gelado em seus joelhos. Correu para a sala e os sopros na nuca estavam cada vez mais gelados. Depois desse dia nunca mais voltou ao normal a sua vida, pois aqueles sopros eram constantes onde quer que ela estivesse dentro de casa. Só tinha paz quando saía de casa.
            Os bichos de estimação tiveram mortes estranhas. Dois cães amanheceram mortos em cima do telhado com os olhos esbugalhados, suas cabeças pendiam pela beirada da telha deixando entrever o focinho desfigurado.
            O filho caçula começou a ver um vulto caminhar pela casa, ás vezes esse vulto surgia pelas paredes ainda com resquícios de mofo. A família via de vez em quando um porco enorme cruzar a sala e desaparecer no quarto de costura.
            Ninguém mais conseguia ter paz naquela casa, mas tinham gasto todas as suas economias ali e agora não tinham mais para onde ir. Tentavam conviver com aquilo, mas a felicidade há muito tinha se esvaído. Certa noite porém, a família estava reunida na sala quando ouviram um forte gemido vindo do quarto de costura, o pai pediu calma a todos e devagar pegou a bíblia e encaminhou-se para o local do gemido. A mãe abraçou os filhos e todos começaram a rezar: “Ave Maria cheia de graça...” Um grito ensurdecedor ecoou pela casa e todos correram em socorro do pai. O espanto foi grande quando viram o homem com a cortina negra enrolada no pescoço. O pai tentava desesperadamente escapar, mas a força do mal era maior. A bíblia estava colada no teto e suas folhas voavam como se ali tivesse uma forte tempestade. Os móveis tremiam e eram arrastados do lugar. Os olhos do homem saltaram das órbitas e sua língua não cabia mais na boca. O tecido afrouxou-se no pescoço, mas para o homem já era tarde. A bíblia desgrudou-se do teto caindo em cima do rosto do homem. O pânico fez com que mãe e filhos corressem dali. No dia seguinte os vizinhos viram o portão entreaberto e à tarde chamaram a polícia, pois havia algo de muito estranho acontecendo ali.
            Repórteres e curiosos aglomeravam-se para ver aquele corpo deformado sair dali.
            A polícia nunca desvendou o caso e a família nunca mais fora encontrada por ninguém. A casa foi lacrada e ainda hoje ouve-se sussurros pela madrugada. As pessoas têm a impressão de que a casa possui olhos que as seguem quando elas passam ali por perto. A cidadezinha cresceu, mas no meio das belas casas jaz um mausoléu que ninguém se atreve a adentrar. A casa tem olhos que choram e chamam.

domingo, 15 de janeiro de 2012

A COR QUE O MEDO TEM...


imagem: "O grito" de Edvard Munch

Encontrei na net um site bastante interessante que nos revela a cor do nosso medo. Se você quiser saber qual a cor que o seu medo tem, acesse o link abaixo. Boa sorte.
http://www.stum.com.br/testes/cordomedo/